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domingo, 24 de abril de 2011

DOM QUIXOTE BRASILEIRO: UM HOMEM EM BUSCA DO SEU IDEAL

Triste Fim de Policarpo Quaresma surgiu como um romance de folhetim em edições semanais, em 1911. Quatro anos depois, foi publicado em um livro. Seu autor, Lima Barreto, era um mulato com idéias socialistas e um estilo de escrever inovador, cuja linguagem simples e direta podia ser compreendida pelo leitor popular.

O meio intelectual da época, que ainda vivia sob forte influência romântica e parnasiana, reagiu chamando o escritor de semianalfabeto, condenando-o à marginalidade e ao ostracismo. Lima Barreto sofreu muito por criticar os poderosos de seu tempo, e suas desilusões não foram poucas. O escritor esteve internado em sanatório, tornou-se alcoólatra e morreu com apenas 41 anos, em estado de completo abandono e de miséria.

QUIXOTE BRASILEIRO

Grande parte da narrativa pode ser sintetizada como o elenco das desilusões do protagonista com o seu país. Policarpo Quaresma é um personagem de má sina, como seu nome indica – “poli”, muito, e “carpo”, choro, sofrimento –, e também o sobrenome “Quaresma”, período de penitências e resguardo que começa no fim do Carnaval e se estende por 40 dias.
Como personagem, Policarpo tem muito de Dom Quixote, pois se cerca de uma visão do sublime que a realidade a sua volta não comporta. É ridicularizado por todos, mas essa zombaria mal esconde a mediocridade de quem ri de suas atitudes e idéias. Entre seus companheiros de romance, Policarpo é o único que tem um ideal maior, que não se deixa levar pelo mundo comezinho e limitado que era a alta sociedade carioca do século XIX.

ENREDO

O livro é dividido em três partes, que correspondem, cada uma, a um dos projetos grandiosos do protagonista.
A primeira parte se passa no Rio de Janeiro, onde Policarpo trabalha como funcionário do Arsenal de Guerra. Ele vive com a irmã, Adelaide, e dedica seu enorme tempo livre ao estudo minucioso sobre o Brasil. É conhecido como Major Quaresma, embora não tenha essa patente militar. Seu patriotismo exagerado é motivo de chacota nas redondezas.
É nessa parte que entra em cena o personagem Ricardo Coração dos Outros, quando Policarpo decide dedicar-se às aulas de violão, instrumento que ele julgava expressão máxima da alma nacional. O costume de tocar violão era visto com maus olhos pela elite da época. O instrumento era considerado sinônimo de boêmia e vadiagem, hábitos que poderiam levar quem os praticasse a passar a noite na cadeia e ainda tomar uma tremenda surra.
Por isso, a zombaria em torno de Policarpo aumenta ainda mais e assume ares maldosos. O protagonista acaba descobrindo que o violão não era genuinamente nacional, tendo sido trazido ao Brasil por estrangeiros europeus, e perde o interesse, puramente patriótico, pelo instrumento.
Por ocasião do noivado de sua filha Ismênia, o general Albernaz realiza uma grande festa em sua mansão. Nesse episódio, Lima Barreto escreve uma grande sátira ao comportamento das elites brasileiras da época. Desfilam, na recepção, vários personagens medíocres, cheios de títulos vazios: contra-almirante Caldas, doutor Florêncio, major Bustamante, Armando. O povo também é satirizado. As figuras populares ficam embasbacadas diante do título de “doutor” de Cavalcanti, o noivo de Ismênia. Essa cena é interrompida quando Genelício, um típico burocrata, dá a todos a notícia de que Policarpo havia sido internado num sanatório.
Após abandonar os estudos musicais, o protagonista começara a aprender o idioma tupi e redigira à Câmara um requerimento em que pedia a adoção do tupi-guarani como idioma oficial da pátria. Em consequência, é ridicularizado de forma estrondosa. Policarpo sente-se atacado por todos os lados. Submetido a enorme pressão, acaba redigindo, por descuido, um ofício em tupi a seu superior, o ministro do Exército, o que resulta em sua dispensa do trabalho. Sozinho e sem auxílio, sofre um colapso mental.

REFLEXÕES AMARGAS

A segunda parte se passa no município de Curuzu, onde Policarpo adquire uma propriedade, o sítio Sossego. Os amigos julgam que ele está curado de sua febre patriótica, mas enganam-se. A ida para Curuzu é parte de mais um projeto de salvação da pátria. Policarpo vê, na agricultura, um grande alicerce de crescimento para o país, por isso inicia imediatamente uma frenética pesquisa sobre as espécies da região. Logo percebe, contudo, que o simples manejo de uma enxada é tarefa excessiva para ele. Por isso contrata mais empregados e dá início ao árduo trabalho de cultivo.
Certa noite, Policarpo é acordado por pequenos estalinhos produzidos por milhares de formigas saúvas que estavam roubando todo o seu estoque. As formigas, um inimigo invencível, representam a realidade que começa a mostrar-se ao protagonista: o solo da região não é nenhuma maravilha, inúmeras pragas assolam as plantações e os preços que os intermediários pagam aos produtores é pífio, mal cobrindo as despesas do cultivo.
O convívio social de Policarpo na pequena cidade, que inicialmente se mostrara ótimo, sofre duros abalos. Líderes políticos locais corruptos tentam envolver Policarpo em suas negociatas, sem saber o fanático idealista que tinham diante de si. O protagonista repudia essas tentativas e, com isso, ganha inimigos poderosos. Acusam-no de boêmio, por sua mania de modinhas, e obrigam-no a pagar multas por seus estudos de tupi e do folclore nacional.
Policarpo acaba se revoltando contra a política agrícola nacional. Acredita que seriam necessários reformas e um governo mais forte e sério. A oportunidade para o mais novo reformista surge quando, no Rio de Janeiro, estoura a revolta da esquadra da Marinha. O protagonista oferece seu apoio ao presidente Floriano Peixoto, o “marechal de ferro”, e segue para a capital.
A terceira e última parte do romance tem um viés trágico, já que o personagem caminha para sua completa aniquilação.
Policarpo assume a patente de major – o que lhe custa 400 mil réis – no Exército de Floriano, que é descrito satiricamente pelo escritor como sendo um líder autoritário e grosseiro. Quaresma empenha-se nas batalhas e deixa o sítio Sossego em completo abandono, já que a revolta dura meses. Adelaide troca correspondência assídua com ele, pedindo-lhe reiteradamente que voltasse a Curuzu.
Por uma carta em resposta a Adelaide, o leitor toma conhecimento de que o protagonista fora ferido em combate e se desiludira completamente com a guerra.
A revolta, enfim, é reprimida, e Floriano envia grande parte dos inimigos – principalmente aqueles sem patente – à prisão da Ilha das Cabras. Indignado, Policarpo escreve uma carta ao presidente em que demonstra seu inconformismo. Finalmente, o próprio protagonista é enviado à prisão da Ilha das Cabras. Lá tece uma série de reflexões amargas sobre a pátria. Um final amargo e negativo. Olga e Ricardo Coração dos Outros tentam livrar Quaresma da cadeia por intermédio de antigas amizades, mas é inútil. Policarpo é chamado de “traidor” e espera a morte certa quando o livro se encerra.

OS SERTÕES: A TERRA, O HOMEM, A LUTA

Os Sertões: campanha de Canudos", de Euclides da Cunha Os Sertões foi dividido em três partes: "A Terra", "O Homem" e "A Luta".


Euclides descreveu o sertão baiano em A Terra. Iniciou explicando o relevo do Planalto Central brasileiro. Depois descreveu a paisagem sertaneja: seca, dias quentes e noites frias, cheia de árvores sem folhas e espinhentas.

Na segunda parte, "O Homem", o Autor caracterizou os sertanejos e contou a história de Antônio Conselheiro, líder do arraial de Canudos.

Euclides destacou as diferenças do sertanejo e dos litorâneos, concluindo que os sertanejos estão isolados da civilização e, portanto, privados de seus bens culturais e materiais.

Antônio Vicente Mendes Maciel (o Conselheiro), líder de Canudos, foi um reflexo dos sertanejos. Nasceu em Quixeramobim, no Ceará, onde trabalhou e logo se casou. Quando foi traído pela mulher, resolveu andar pelos sertões. Após dez anos, Antônio Vicente surgiu como o líder religioso Antônio Conselheiro.

Muitos sertanejos seguiam Conselheiro em sua peregrinação. Mas a situação agravou-se quando o líder religioso instalou-se na antiga fazenda de Canudos. As pessoas vinham de toda parte. O arraial, segundo as autoridades, era um abrigo de criminosos. Amontoavam-se jagunços suficientes para compor um batalhão, homens cruéis e destemidos.

O governo do Estado da Bahia resolveu organizar uma expedição para desbaratar o arraial de Canudos. A primeira expedição, liderada pelo Ten. Pires Ferreira, foi enviada em novembro de 1896. Dispostos estrategicamente, mais preparados e com mais noção do território e de seus ardis, os jagunços saíram vencedores. A segunda expedição, comandada pelo major Febrônio de Brito, foi atacada de surpresa e vencida.

Com grande respaldo popular, a terceira expedição, Expedição Moreira César, partiu de Monte Santo em fevereiro de 1897 e em março invadiu Canudos. O Cel. Moreira César morreu e a expedição fracassou. Os soldados debandaram nas caatingas.

A fuga dos soldados restrugiu-se no país inteiro. A vitória dos jagunços foi considerada um ultraje para a República. Era uma ameaça de restauração da Monarquia... (os sertanejos nem entendiam as reformas republicanas: casamento civil, cobrança de impostos e separação entre Igreja e Estado).

Batalhões de todos os Estados foram mobilizados para destruir Canudos. O Gen. Artur Oscar liderava-os. Com a ajuda do Tenente-Coronel Siqueira de Meneses, comandante astucioso, os soldados combateram e venceram, apesar da repetição dos mesmos erros das expedições anteriores.

A vitória das forças do governo, conseguida após sucessivos reforços, consolidou-se quando compôs-se a Trincheira Sete de Setembro. Canudos estava cercada, mas resistiu com fome e sede até 5 de outubro. Os prisioneiros foram degolados.

O JECA SERTANEJO - MONTEIRO LOBATO

Este modelo do caipira não idealizado está presente no livro Urupês, da saga criada por Lobato para os adultos. Ele revela, em um painel composto por 14 narrativas, a real situação do trabalhador campestre de São Paulo, visão nada agradável para as autoridades políticas da época e também para a classe dos intelectuais.
Isto porque Jeca é a imagem do ser legado ao abandono pelo Estado, à mercê de enfermidades típicas dos países atrasados, da miséria e do atraso econômico. Condição nada romântica e utópica, como muitos escritores pretendiam moldar o caboclo brasileiro, nesta mesma época.
A imagem de Jeca Tatu foi utilizada inclusive como instrumento em operações de esclarecimento sobre a importância do saneamento público e a urgência em erradicar doenças como o amarelão, que matava tantas pessoas nos anos 20. Como afirmava Lobato, “Jeca Tatu não é assim, ele está assim”, vitimado pelo desprezo de um governo nada preocupado com esta camada social.
Jeca era um caipira de aparência desleixada, com a barba pouco densa, calcanhares sempre desnudos, portanto rachados, pois ele detestava calçar sapatos. Miserável, detinha somente algumas plantações de pouca monta, apenas para sua sobrevivência. Perto de sua habitação havia um pequeno riacho, no qual ele podia pescar. Sem cultura, ele não cultivava de forma alguma os necessários hábitos de higiene.
Residente no Vale do Paraíba, em São Paulo, região muito arcaica, era visto pelas pessoas como preguiçoso e alcoólatra. A questão da saúde transparece no enredo quando um médico, ao cruzar o seu caminho, passa diante de sua tosca residência e se assusta com tanta pobreza. Notando sua coloração amarela e a intensa magreza, decide examinar o caboclo.
O paciente se queixa de muita fadiga e dores corporais. O doutor então diagnostica a presença de uma enfermidade tecnicamente conhecida como ancilostomose, o famoso amarelão. Ele orienta Jeca a usar sapatos e a tomar os remédios necessários, pois os vermes que provocam este distúrbio orgânico introduzem-se no corpo através da pele dos pés e das pernas.
A vida de Jeca muda radicalmente. Ele se cura, volta a trabalhar, reduz a bebida, sua pequena plantação prospera e o trabalhador se torna um homem honrado pelas outras pessoas. A família Tatu agora só anda calçada e, portanto, saudável. É assim que Monteiro Lobato denuncia a precária situação do trabalhador rural; ele revela que medidas simples poderiam transformar este cenário sombrio. Este personagem se torna o símbolo do brasileiro que vive no campo.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Livros: Leituras obrigatórias II unidade

Os Sertões - Euclides da Cunha
Triste fim de policarpo Quaresma - Lima Barreto
Urupês - Monteiro Lobato

Olha a hora aí gente...